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TÁRTARO e MAU HÁLITO em cães: entenda a principal causa.

mão de tutor segurando o lábio superior do cachorro. Nos dentes pode ser visto uma grande placa de tártaro nos últimos 4 dentes. doenca-periodontal-em-caes

O tártaro em cães e o mau hálito são duas reclamações frequentes dos tutores. Em suma, eles são gerados pelo problema odontológico mais frequente na espécie, conhecido como doença periodontal.

Essa doença é caracterizada por um processo inflamatório, de caráter crônico e infeccioso. Assim, o processo atinge o tecido responsável pela proteção e sustentação dos dentes, que é composto pela gengiva, osso alveolar, ligamento periodontal e cemento.

Como ocorre o tártaro em cães?

O tártaro tem como principal fator desencadeante a placa bacteriana. As bactérias, que fisiologicamente estão presentes na boca dos animais, possuem alta capacidade de fixação aos dentes. Posteriormente, após sua fixação, são capazes de se organizar e formar um biofilme na superfície dentária, a chamada placa bacteriana.

Contudo, o acúmulo contínuo da placa bacteriana sobre os dentes e a organização dos seus componentes provoca lesão nos tecidos periodontais, iniciando a doença periodontal. Assim, com o aumento da placa bacteriana surge o cálculo dentário.

Por fim, a presença das bactérias no sulco gengival provoca um processo inflamatório no periodonto, a periodontite, que tem como consequência a degeneração dos componentes de fixação do dente à gengiva.

Como resultado, aparece a bolsa periodontal, caracterizada pelo aprofundamento patológico do sulco gengival, com eventual mobilidade e perda dentária.

Então, quais os fatores que facilitam o tártaro em cães?

Estudos mostram que a incidência da doença periodontal aumenta com o avançar da idade dos cães. Cerca de 40% dos cachorros entre 1 e 4 anos de idade apresentam algum grau dessa patologia. Entre os animais de 4 e 13 anos, entretanto, essa incidência aumenta para 85%.

Além disso, animais que apresentam alterações na anatomia da cavidade oral têm maiores chances de apresentar a doença periodontal. Assim, as alterações que mais favorecem o aparecimento da doença são: os dentes decíduos persistentes, prognatismo, bragnatismo, apinhamento dental, rotação dental e má oclusão.

Ademais, algumas raças de cães (como o poodle, o schnauzer e o york shire) apresentam a doença periodontal com maior facilidade. Da mesma forma, as raças de cães braquicefálicas também possuem maior predisposição, por apresentarem alterações no posicionamento dos dentes.

Como é feito o diagnóstico da doença periodontal em cães (tártaro)?

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O sinal clínico que mais chama a atenção dos tutores é o mau hálito.

Ele ocorre como consequência da fermentação bacteriana e do processo de decomposição dos tecidos do periodonto gerando, assim, um forte odor.

Aliás, o diagnóstico definitivo é realizado a partir de uma anamnese detalhada, um exame físico completo, acompanhado de um exame odontológico minucioso.

Em alguns casos, é necessário que o animal seja sedado e/ou anestesiado para que o exame odontológico (raio x) possa ser realizado de maneira adequada.

Em suma, quais são as consequências do tártaro na saúde do meu cachorro?

As consequências da doença periodontal em cães variam em função dos mecanismos de ação das bactérias e da resposta inflamatória que cada animal vai apresentar. As alterações podem ser locais (na cavidade oral) e/ou sistêmicas.

Dentre os danos locais provocados pela doença periodontal em cães, chama muito a nossa atenção, por exemplo, a halitose, a dificuldade na mastigação, a gengivite, os abcessos, a hemorragia gengival e a perda de dentes.

O tártaro em cães pode evoluir para uma complicação sistêmica, pois há uma rede de vasos sanguíneos muito desenvolvida na região da gengiva.

Caso as bactérias cheguem à corrente sanguínea do cão, certamente, há grandes chances desse processo gerar graves prejuízos sistêmicos à saúde do animal. Em síntese, como possíveis agravantes, podemos destacar as doenças pulmonares, cardíacas, renais e hepáticas.

Se a doença periodontal não for devidamente tratada, as contínuas lesões locais e, principalmente, sistêmicas, podem gerar a insuficiência e falência de vários órgãos, podendo evoluir para a morte do cão.

Mas como é feito o tratamento para o tártaro em cães?

A doença periodontal em cães deve ser tratada com o objetivo de reparar a gengiva e os tecidos responsáveis pela sustentação dos dentes, restabelecendo, dessa forma, a sua correta fisiologia, anatomia e funções dos tecidos.

A base do tratamento do tártaro para os nossos amigos peludos consiste na completa remoção da placa bacteriana. É realizada uma raspagem do cálculo dentário, a extração dos dentes que eventualmente estejam comprometidos e, por fim, um polimento das superfícies dentárias.

antes do procedimentos
após remoção das placas bacterianas

Todo o tratamento da doença periodontal deve ser feito com o animal sob anestesia geral, por um médico veterinário, visto que é um procedimento cirúrgico.

Após a realização do tratamento, é recomendado que o animal fique em tratamento com antibióticos preventivos a fim de evitar possíveis contaminações sistêmicas pós-cirúrgicas.

Além disso, concomitantemente à terapia com antibiótico, também é indicado o uso de anti-inflamatórios com objetivo de controle de dor associado ao procedimento cirúrgico.

Posso prevenir a doença periodontal em cães?

O sucesso da prevenção da doença periodontal depende do condicionamento do animal e, principalmente, dos cuidados e empenho dos tutores.

A forma mais eficaz de prevenção da doença periodontal em cães é a correta escovação dos dentes, isso porque ela consegue remover mecanicamente as bactérias e impedir seu desenvolvimento.

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guilherme rezende

Guilherme Rezende

Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pós graduado em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais pela Universidade Castelo Branco (UCB).

Cofundador do site Clube dos Bichos.

fabiano carregaro

Fabiano Carregaro

Médico Veterinário graduado pela Universidade de Brasília (UnB).
Mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Cofundador do site Clube dos Bichos.


Referências Bibliográficas:

Gorrel, C; Gracis, M; Hennet, P; Verhaert, L. Focus: Doença Periodontal no Cão. Ed. Especial. Paris: Aniwa Publishing; 2004.

HARVEY, C. E. Manual of small dentistry. Chetenhan: British Small Animal Veterinary Association, p.37, 1998.

PEAK, R. M. Local and systemic consequences of periodontal disease. Tampa Bay Veterinary Dentistry, Flórida, 2011.

Baia, J. D. A doença periodontal em cães e gatos. USP. 2018.

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