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Hemoparasitoses Caninas
Hemoparasitoses são doenças causadas por protozoários, helmintos ou bactérias que atingem os animais por meio da corrente sanguínea.
O carrapato, por se alimentar de sangue, é o principal meio de transmissão dessas doenças, popularmente chamadas de doença do carrapato.
Um único cão pode ser infectado por mais de um tipo de agente e a coinfecção com outros agentes provenientes de carrapato é comum.
Mas quais são as principais hemoparasitoses caninas?
Vemos quadros clássicos de erliquiose e babesiose, porém tem sido documentados novos hemoparasitas acometendo cães no Brasil, o que torna mais difícil o diagnóstico preciso de algumas dessas enfermidades.
Mesmo com os avanços nos diagnósticos veterinários, as hemoparasitoses continuam sendo um grande desafio, pois as limitações para o diagnóstico preciso continuam existindo, além das manifestações clínicas e laboratoriais serem muito semelhantes entre si e com outras enfermidades não infecciosas.
Os sintomas podem não se manifestar no início da infecção, ou aparecerem somente após o animal passar por um período de esforço físico, cirurgia ou outras infecções, e são basicamente febre, icterícia, depressão e fraqueza.
É importante estar sempre atento ao comportamento do seu cão, para identificar caso ele apresente desânimo e prostração.
Erliquiose
A infecção por E. canis é uma das mais importantes hemoparasitoses dos cães domésticos, parasitando células mononucleares, e denominada de erliquiose monocítica canina (EMC).
O carrapato do cão (Rhipicephalus sanguineus) é o principal transmissor da doença, embora a E. canis já tenha sido identificada em outras espécies de carrapatos. A enfermidade se divide em 3 fases: assintomática (subclínica), aguda e crônica.
Manifestação Clínica da Erliquiose
As manifestações clínicas variam de acordo com as fases: na fase aguda, os cães infectados podem se recuperar de forma espontânea e entram numa fase denominada assintomática (subclínica).
Nessa fase, o animal permanece infectado por um longo período ou elimina o parasita, caso seja imunocompetente, ou ainda pode desenvolver a fase crônica.
O início da fase aguda ocorre de 1 a 3 semanas após a infecção e dura de 2 a 4 semanas.
As células mononucleares infectadas ficam na margem de pequenos vasos e podem também migrar para o interior de tecidos endoteliais induzindo a vasculite.
A trombocitopenia não é grave o suficiente para provocar sangramento espontâneo na fase aguda, porém associada à vasculite e diminuição da função plaquetária pode ocasionar tal manifestação.
A fase subclínica pode durar de meses a anos em cães naturalmente infectados.
A infecção por E. canis é uma das mais importantes hemoparasitoses dos cães domésticos.
O quadro clínico da erliquiose canina se caracteriza por letargia, perda de peso e anorexia. O sangramento mais frequente é a epistaxe. Podem ocorrer ainda poliartrite e alterações neurológicas como convulsão e ataxia.
Sinais oculares como uveíte e opacidade corneana não são incomuns, podendo evoluir para cegueira.
Os achados laboratoriais da EMC são variáveis e inespecíficos, o que pode tornar seu diagnóstico desafiador.
As anormalidades bioquímicas mais comuns na erliquiose crônica incluem hipoalbuminemia, hiperglobulinemia e elevação de ALT e FA.
De maneira geral, a associação de resultados positivos com as manifestações clínicas e laboratoriais compatíveis concluem o diagnóstico de erliquiose.
Doença do carrapato: conheça os tipos
As principais hemoparasitoses em animais são:
- Erlichiose (bactéria – cães)
A Erlichiose se transmite por carrapatos e é a forma mais grave da doença, já que ataca os glóbulos brancos do sangue do pet, deixando o sistema imune comprometido.
- Hemobartonelose (cães e gatos)
A Hemobartonelose pode ser transmitida por pulgas e carrapatos, afetando tanto cães como gatos e atacando os glóbulos vermelhos, causando anemia.
- Babesiose (protozoário – cães)
A Babesiose se transmite por carrapatos e ataca os glóbulos vermelhos do cão.
BABESIOSE CANINA
A babesiose canina é uma das mais importantes infecções que acometem os cães, causada por hemoprotozoários (protozoários que se reproduzem dentro de hemácias) do gênero Babesia.
A babesiose pode se manifestar como uma doença branda ou complicada, na dependência da cepa infectante e da imunocompetência do hospedeiro.
Ela pode se manifestar de forma hiperaguda, aguda ou crônica. Muitos animais podem permanecer assintomáticos. Os sinais e sintomas da fase hiperaguda são acidose metabólica, síndrome da resposta inflamatória sistêmica e estase vascular.
A babesiose canina é a infecção causada por hemoprotozoário mais importante em cães. As espécies B. canis e B. gibsoni são as espécies mais reportadas no Brasil.
A doença pode se manifestar de forma branda ou complicada, na dependência da cepa infectante e da imunocompetência do hospedeiro. Anemia hemolítica, febre, trombocitopenia, esplenomegalia, êmese e icterícia são as manifestações mais comuns na fase aguda da doença.
Em casos de infecções concomitantes com E. canis, o cão demonstra uma grave anemia normocítica normocrômica causada pela destruição dos eritrócitos maduros com impedimento da eritropoiese, desenvolvendo uma doença muito grave, muitas vezes fatal, principalmente em cães mais jovens.
Mas o tratamento da babesiose canina, como se faz?
O tratamento se faz por meio de medicamentos específicos, chamados babesicidas ou piroplasmicidas, que combatem o agente causador, e o tratamento das complicações secundárias, como a anemia e insuficiência renal, com remédios e em alguns casos, hemodiálise.
A Babesiose pode ser fatal, por isso é crucial fazer o diagnóstico o mais rápido possível.
Medicina Tradicional Chinesa e as Hemoparasitoses Caninas.
Como sabemos, uma das complicações da hemoparasitose é a depressão da medula óssea e na Medicina Tradicional Chinesa, os problemas relacionados à medula, tanto óssea quanto espinal, estão ligados ao rim.
Aliás, nos casos de hemoparasitose, a causa de alteração do sangue se dá por invasão de um fator patogênico externo (hemoparasita) que causa alterações na produção de sangue.
O hemoparasita se classifica como um fator patogênico externo relacionado ao vento-calor, que causa febre já na primeira fase.
Esta febre irá aquecer o sangue e por consequência, o fígado gerando sinais como petéquias, sufusões e hemorragias.
Por consequência teremos uma falta de controle do sangue pelo fígado, bem como uma falta de suprimento energético para os órgãos.
O baço sendo afetado, um dos responsáveis pela imunidade do organismo, haverá redução da produção de sangue , a chamada depressão da medula na medicina ocidental.
Clinicamente, podemos ter alterações da função renal, compatível com uma insuficiência renal aguda (IRA).
Podem também ocorrer alterações neurológicas como claudicações e convulsões, já que a depressão medular irá alterar a mente do animal.
Tratamento
O tratamento é complexo e necessita de uso de fármacos ou da medicina ocidental. Porém, as sequelas causadas podem ser tratadas com acupuntura e tratar de lesões quando o agente patogênico já não está mais presente e circulante no organismo.
Catiane Lopes
Médica VeterináriaMédica Veterinária graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2012. Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2016. Especialização em acupuntura veterinária pelo Instituto Jaqueline Pecker, em 2013, e pelo Instituto Incisa Imam, em 2018. Atua como veterinária clínica geral e acupunturista veterinária de pequenos animais
Bibliografia
- Nelson, Richard W. , C. Guilherme Couto. Medicina interna de pequenos animais. Medicina interna de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
- Lobo Júnior, José Eduardo Silva. Acupuntura na prática clínica veterinária. Interbook, 2012.
